quinta-feira, 20 de julho de 2017

Memórias





            Foi um tampo difícil. Eu não tinha onde morar. Andei uns dias dormindo na praia e meu amigo Maurício me deu uma cobertura. Me chamou pra morar no apartamento que ele dividia com o Mancha Negra e o Ciro Garcia, ali entre o Catumbi e Santa Teresa.
            Eu não tinha emprego, não tinha guarita, não tinha nada, estava fudido, mas namorava a moça mais bonita de Copacabana. Um dia, pisei na bola, pisei feio na bola e perdi a moça mais bonita de Copacabana. Bêbado, tentei me matar cortando o pulso, só um. Acordei numa escadaria próxima do lugar onde vivia; aquela buceta aberta no braço. Tinha saído do apartamento pra não provocar problemas pros caras com quem vivia. Desci o morro e fui esperar condução que me levasse pra algum hospital. Cheguei na Itaperu e uns caras que estavam do outro lado da rua vieram me assaltar. Um deles chegou na boa  e disse que só queria uma grana pra cerveja. Ao ver a buceta aberta no meu braço e ouvir minha explicação, o cara ficou solidário e parou um táxi
            Eu fui logo dizendo pro taxista que estava duro, que ele podia me deixar no próximo ponto de ônibus, que eu me virava, mas o cara foi legal e me levou até o Souza Aguiar. Era a segunda vez que eu dava entrada ali. Outra bebedeira, outra costura numa madrugada de sexta pra sábado.
            Saí do hospital e já sabia o caminho do botequim mais próximo. depois daquela 51 tem uma lacuna na memória. Não lembro sequer se continuei morando com os caras.
             

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