segunda-feira, 19 de março de 2018

terça-feira, 13 de março de 2018

Decepção






            Ela marcou encontro comigo em São Cristóvão. Era um domingo e fazia um calor de rachar mamona. Eu não tinha dinheiro nem pra passagem e fui a pé desde o Meier, Esperei umas duas horas, tomei água da bica num botequim, servida com uma má vontade de secar a alma. Estava apaixonado e ela era um monumento. Por fim desisti e fui chorar as mágoas na casa de uma amiga em comum que tínhamos e morava por aquelas bandas.
            Já cheguei contando o acontecido e cuspindo marimbondo de raiva e decepção. Minha amiga fazia sinais que eu demorei uns segundos pra compreender. Ela estava tomando banho com um outro cara no banheiro da casa. Não fiquei para confronta-la. Acho que nesse tempo eu ainda tinha pudores. Sobre os calcanhares, dei meia volta e voltei a pé para o Meier. A noite já vinha caindo, a camisa empapada, os olhos e a garganta secos
            Foi só decepção, não sofri de amor. Parece que eu já sabia que essa dor estava me esperando, Um ano depois eu conheci o que é sofrer de amor.












Meu primeiro "selfie"







            Há quem pense que fora da temporada de verão não passe nada na Garopaba. Comigo passa. Se não, mire e veja.
            Hoje foi um desses dias que não se decidem: uma hora o sol parecia que ia se impor e poucos minutos depois o céu se cobria de nuvens que , se não ameaçavam chuva grossa, faziam supor alguma garoa, algum chuvisco. E eu, que só gosto de praia quando tem sol de arrebentar mamona, resolvi dar umas voltas na praia central. Praticamente não havia praia. A maré alta levou as ondas até os muros e paliçadas das casas dos ricos que ficam à beira mar. Isso vem acontecendo de uns anos para cá, mas não se preocupe pela propriedade dos burgueses, pois a prefeitura e empresas privada já colocaram toneladas de areia extraída das dunas do Siriú (reserva ecológica da Serra do Tabuleiro) para proteger das ondas bravias as residências desses homens de bens.
            Mas lá ia eu na minha caminhada quando um sujeito me parou educadamente e pediu um minutinho de minha atenção. Por um momento eu julguei tratar-se de um crente de sunga. Eu nunca  não sou agressivo com os crentes, apenas digo que sou ateu e deixo que eles sejam agressivos comigo ou me olhem com aquele olhar de espantar Satanás. Não era um crente de sunga, mas apenas um cara que queria tirar uma foto minha. Disse ele, que eu me parecia com um personagem de um filme ou de uma série (não sei bem) que era um náufrago. Fez questão de procurar no seu "smartphone" uma foto do tal personagem. Não vi nenhuma semelhança além da barba. O carta do filme é branco e bem mais jovem. Assenti em tirar a foto e comprazer o sujeito. Me afastei uns metros para o clic, mas ele queria uma foto de nós juntos e pediu que eu tirasse os óculos. Abracei-o pelo ombro e, depois de uma tentativa frustrada, tiramos a foto. Foi meu primeiro selfie e do primeiro selfie ninguém esquece.





segunda-feira, 5 de março de 2018

A mulher mais linda do mundo





A mulher mais linda que conheci
tinha nariz de boxer
e pés virados  pra dentro

Tinha dedos dos pés
que ela (de vergonha) escondia na areia
quando ia à praia

A mulher mais linda que amei
não tinha cabelos de propaganda de shampu
nem andar de passarela.

Eu achava que ela era
a moça mais bonita de Copacabana
mais hoje eu sei

que ela é a mulher mais linda do mundo.